Doce

Eu era uma criança doce. Uma adolescente (emburrada, porém) doce.

E esses anos de vida adulta, de perdas, de Brasil, de golpe, de Bolsonaro, de pandemia… não que eles me embruteceram, mas eles criaram uma casca em mim. Grossa, feia, cinza.

Fiquei colérica. Raivosa. Tanta coisa errada no mundo, né? Como não querer explodir tudo?

De um tempo pra cá comecei a tentar achar o tão sonhado equilíbrio, encontrar aquela Camila doce que outrora fui… estou nesse processo aí. E não é fácil. Hoje não tenho mais a idade, a paciência, muito menos a vontade de dizer SIM para o mundo. Ainda tô tentando dizer SIM para mim. Uma hora eu consigo (ou não, também — o não deixou de ser o monstro debaixo da minha cama).

Só vim dizer para essa tela em branco que ESTOU CIENTE que endureci e tentando me reencontrar com a ternura (para não perdê-la jamais, tá Che?). Era isso.