Bicho do mato domesticado
Quando eu era adolescente, tinha aquela inabilidade social latente, não conseguia conversar direito com as pessoas nos eventos, travava, ficava vermelha ao mínimo sinal de aproximação.
Depois fui aprendendo a me virar naqueles ambientes, a conversar sobre todos aqueles assuntos que não me interessavam. Acho que hoje sou até uma pessoa com habilidade para conversar sobre trivialidades, sobre o tempo (o do relógio e o do guarda-chuva).
Mas confesso que fico agoniada para voltar pra casa, pro meu canto, pro meu mundinho, pras minhas grandes questões. Voltar a ser aquela menina desajeitada e inapta que, no fundo, sempre serei. Sou um bicho do mato domesticado.
Maio, 2014.